Coprocessamento é uma tecnologia de destinação final ambientalmente adequada que utiliza fornos de cimento para a destruição completa de resíduos industriais e urbanos. O processo de coprocessamento não apenas elimina esses materiais, mas os transforma em energia térmica e matéria-prima para a produção de clínquer, o principal componente do cimento.
O diferencial do coprocessamento está em suas condições extremas: fornos que atingem temperaturas de até 2.000°C, com tempo de residência dos gases de até 10 segundos. Nestas condições, o coprocessamento garante a destruição de 99,999% dos compostos orgânicos presentes nos resíduos, enquanto os elementos inorgânicos são incorporados à estrutura cristalina do clínquer.
No Brasil, o coprocessamento já representa 26% da matriz energética das indústrias cimenteiras. A técnica de coprocessamento permitiu que, entre 1990 e 2018, a indústria nacional reduzisse em 16% suas emissões de gás carbônico. Em 2015, o coprocessamento brasileiro processou 1,5 milhão de toneladas de resíduos, substituindo 13,4% dos combustíveis fósseis tradicionais.
Os materiais adequados para coprocessamento incluem pneus inservíveis, borras oleosas, catalisadores usados, solos contaminados e diversos resíduos industriais perigosos. O coprocessamento de pneus, por exemplo, representa 43% do total de resíduos energéticos utilizados – um único forno pode consumir até cinco mil pneus por dia através do coprocessamento.
A regulamentação do coprocessamento segue critérios rigorosos estabelecidos pelo CONAMA. O coprocessamento deve atender padrões específicos de licenciamento, monitoramento contínuo de emissões e conformidade com limites ambientais. Empresas que utilizam coprocessamento precisam demonstrar que não alteram a qualidade do cimento final e não geram novos passivos ambientais.
As vantagens do coprocessamento são múltiplas: eliminação definitiva de resíduos sem geração de cinzas, preservação de recursos naturais não renováveis, redução da dependência de combustíveis fósseis e diminuição do passivo ambiental de aterros. O coprocessamento representa uma ferramenta essencial da economia circular, transformando o que seria descartado em recurso produtivo.
Para as empresas geradoras de resíduos, o coprocessamento oferece segurança jurídica, eliminação completa do material sem riscos ambientais futuros e adequação às exigências da Política Nacional de Resíduos Sólidos. O coprocessamento permite que indústrias cumpram suas responsabilidades ambientais de forma tecnicamente segura e economicamente viável.
A expansão do coprocessamento no Brasil ainda tem grande potencial. Enquanto países europeus já atingem índices de 100% de substituição de combustíveis tradicionais, o coprocessamento brasileiro pode alcançar 2,5 milhões de toneladas anuais. Esta evolução do coprocessamento depende de políticas públicas que incentivem a prática e da conscientização sobre seus benefícios ambientais e econômicos.
O coprocessamento representa mais que uma técnica de tratamento de resíduos – é uma filosofia de produção sustentável que transforma desafios ambientais em oportunidades econômicas, consolidando-se como pilar fundamental da indústria moderna responsável.



