Como Elaborar um PGRS Eficiente

Estabelecido pela Lei 12.305/2010, o PGRS representa mais que documento técnico obrigatório. Constitui instrumento de gestão que identifica oportunidades de redução de custos, geração de receitas através da valorização de resíduos e proteção contra passivos ambientais.

A qualidade da elaboração influencia diretamente resultados operacionais e financeiros. PGRS eficientes transformam custos de descarte em receitas de venda, demonstram conformidade para órgãos fiscalizadores e fundamentam decisões de licenciamento ambiental.

Fundamento Legal e Obrigatoriedade

Artigo 20 da PNRS: Estabelece obrigatoriedade para geradores específicos, incluindo estabelecimentos comerciais com resíduos perigosos, indústrias, serviços de saneamento, construção civil, mineração, transporte e agropecuária.

Critérios Estaduais: São Paulo modernizou exigências através da Decisão de Diretoria 130/2022, estabelecendo apresentação digital via SIGOR e maior detalhamento técnico.

Micro e Pequenas Empresas: Faturamento até R$ 4,8 milhões pode qualificar para PGRS simplificado ou dispensa, desde que não gerem resíduos perigosos.

Estrutura do Conteúdo Mínimo (Artigo 21)

1. Descrição do Empreendimento

Caracterização Completa: Razão social, CNPJ, endereço, responsável técnico com registro profissional, descrição das atividades desenvolvidas, número de funcionários por setor.

Processo Produtivo: Fluxograma detalhado das operações, identificação de insumos utilizados, equipamentos principais, capacidade produtiva, turnos de operação.

Infraestrutura: Layout das instalações, áreas de armazenamento de materiais e resíduos, sistemas de drenagem, medidas de segurança implementadas.

2. Diagnóstico Quali-Quantitativo

Inventário Detalhado: Identificação de todos os resíduos gerados por setor, classificação conforme NBR 10.004, quantificação através de pesagens sistemáticas ao longo de período representativo.

Sazonalidades: Análise de variações mensais e anuais na geração, identificação de picos produtivos, correlação entre produção e geração de resíduos.

Passivos Ambientais: Levantamento de áreas contaminadas, resíduos estocados inadequadamente, equipamentos com potencial de vazamento.

Metodologia de Quantificação: Definir frequência de pesagens, equipamentos utilizados, responsáveis pelas medições, formulários de controle.

3. Responsabilidades e Procedimentos Operacionais

Organograma de Gestão: Definir responsável geral pelo PGRS, responsáveis por setor, substitutos para períodos de ausência, treinamentos obrigatórios.

Procedimentos por Etapa:

  • Segregação: Instruções específicas por tipo de resíduo, identificação visual de coletores, treinamento de funcionários
  • Acondicionamento: Especificação de embalagens por resíduo, volumes máximos, etiquetagem obrigatória
  • Armazenamento: Localização de abrigos, condições ambientais, períodos máximos, controle de estoque
  • Transporte: Empresas contratadas, documentação obrigatória, frequência de coleta
  • Destinação: Empresas receptoras licenciadas, certificados de destinação, rastreabilidade

4. Soluções Consorciadas

Parcerias Estratégicas: Identificar outros geradores para compartilhamento de custos de transporte e destinação, especialmente para resíduos de baixo volume.

Bolsas de Resíduos: Participação em sistemas de comercialização onde resíduo de uma empresa serve como insumo para outra.

Cooperativas: Estabelecer parcerias com cooperativas de catadores para resíduos recicláveis, cumprindo responsabilidade social.

5. Plano de Contingência

Cenários de Emergência: Vazamentos, incêndios, acidentes com resíduos perigosos, interrupção de coleta, problemas com destinador.

Recursos de Emergência: Contatos de empresas especializadas em emergências ambientais, kits de contenção, equipamentos de proteção individual.

Comunicação de Crise: Fluxo de comunicação interna e externa, contatos de órgãos ambientais, procedimentos de evacuação.

6. Metas de Minimização

Indicadores Quantitativos: Redução de 10% da geração total em 12 meses, aumento de 20% na taxa de reciclagem, eliminação de disposição em aterros para resíduos Classe A.

Cronograma: Metas trimestrais com responsáveis definidos, marcos de verificação, ações corretivas para desvios.

Investimentos: Equipamentos para otimização, treinamentos, contratação de consultorias especializadas.

7. Responsabilidade Compartilhada

Logística Reversa: Para empresas obrigadas, detalhar sistema implementado, metas de coleta, pontos de entrega voluntária.

Acordos Setoriais: Participação em programas coletivos, contribuições financeiras, relatórios de desempenho.

8. Periodicidade de Revisão

Atualizações Obrigatórias: Anualmente para metas e indicadores, mediante alterações no processo produtivo, renovação de licenças ambientais.

Gatilhos para Revisão: Mudanças na legislação, alterações significativas na geração, incorporação de novas atividades.

Estratégias de Implementação Eficiente

Diagnóstico Preliminar

Mapeamento de Processos: Identificar todos os pontos de geração, desde matérias-primas até produtos acabados, incluindo atividades de apoio como manutenção e limpeza.

Análise de Oportunidades: Resíduos que podem ser eliminados na fonte, materiais com potencial de reaproveitamento interno, oportunidades de venda.

Engajamento da Equipe

Capacitação Técnica: Treinamentos sobre classificação de resíduos, procedimentos de segregação, uso de equipamentos de proteção.

Conscientização Ambiental: Palestras sobre impactos ambientais, benefícios da gestão adequada, papel de cada funcionário no sucesso do programa.

Tecnologia de Apoio

Sistemas de Gestão: Software para controle de geração, custos de destinação, indicadores de desempenho, emissão automática de MTR.

Monitoramento: Balanças eletrônicas, códigos de barras para rastreabilidade, aplicativos móveis para coleta de dados em campo.

Aspectos Econômicos

Redução de Custos

Otimização de Frequência: Análise para determinar frequência ideal de coleta, evitando custos desnecessários com transportes parcialmente carregados.

Negociação com Fornecedores: Consolidação de prestadores de serviços, contratos de longo prazo, compartilhamento de custos com outros geradores.

Geração de Receitas

Comercialização de Recicláveis: Estabelecer parcerias diretas com indústrias recicladoras, eliminar intermediários, agregação de valor através de beneficiamento.

Subprodutos Industriais: Identificar resíduos que podem ser classificados como subprodutos, escapando da regulamentação de resíduos e permitindo comercialização livre.

Monitoramento e Controle

Indicadores de Desempenho

Geração Específica: Kg de resíduo por unidade produzida, tendência temporal, comparação com benchmarks setoriais.

Taxa de Reciclagem: Percentual de resíduos encaminhados para reciclagem, meta de aumento anual, identificação de gargalos.

Custos Unitários: R$/kg por tipo de resíduo, evolução mensal, impacto de mudanças operacionais.

Relatórios Gerenciais

Dashboard Executivo: Indicadores principais em tempo real, alertas para desvios de metas, comparação com período anterior.

Análise Mensal: Relatório detalhado de geração por setor, custos de destinação, oportunidades identificadas, ações implementadas.


O PGRS eficiente transcende cumprimento legal, constituindo ferramenta estratégica de gestão empresarial. Sua elaboração criteriosa gera economia operacional, oportunidades de receita e proteção contra riscos ambientais, posicionando a empresa como referência em sustentabilidade corporativa.

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