O que são REEE e por que merecem atenção especial
REEE é a sigla para Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrônicos. Essa categoria abrange muito mais do que celulares e computadores obsoletos. Qualquer equipamento que depende de energia elétrica, pilhas ou baterias para funcionar se enquadra nessa classificação quando descartado.
A lista de REEE inclui geladeiras, micro-ondas, máquinas de lavar, televisores, furadeiras, liquidificadores, secadores de cabelo, ventiladores, carregadores, teclados, impressoras e até panelas elétricas. São equipamentos presentes no cotidiano de milhões de brasileiros, que eventualmente precisam ser substituídos.
Os resíduos eletrônicos podem conter substâncias químicas perigosas como chumbo, cádmio, mercúrio e berílio, elementos que representam riscos consideráveis para a saúde humana e para os ecossistemas. Quando descartados incorretamente em lixões ou aterros comuns, esses materiais provocam contaminação do solo e da água, afetando trabalhadores que lidam com resíduos e comunidades próximas.
A dimensão do problema no Brasil
O país produz aproximadamente seis quilos de lixo eletrônico por habitante anualmente. Para dimensionar o volume de REEE gerados, são fabricados dez milhões de computadores e cento e cinquenta milhões de celulares e baterias por ano no Brasil, dos quais apenas 2% são descartados corretamente.
Segundo o relatório Monitor Global E-lixo, a produção mundial de resíduos eletrônicos cresce cinco vezes mais rápido que a reciclagem desses materiais. Das sessenta e duas milhões de toneladas de lixo eletrônico geradas em 2022 no planeta, se todas fossem recicladas, novecentos milhões de toneladas de minérios poderiam deixar de ser extraídos do meio ambiente.
Como descartar REEE corretamente
A destinação adequada dos resíduos eletrônicos começa com o conhecimento das alternativas disponíveis. Existem várias formas de garantir que seus equipamentos obsoletos não causem danos ambientais:
Pontos de Entrega Voluntária
Muitas prefeituras e órgãos governamentais mantêm pontos de coleta específicos para REEE. Esses locais são preparados para receber os equipamentos de forma segura e encaminhar para destinação ambientalmente adequada. Sistemas como o Green Eletron disponibilizam mapas online para localizar o ponto mais próximo da sua residência.
Logística Reversa
A Política Nacional de Resíduos Sólidos estabelece que fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes compartilham responsabilidade com o consumidor final no descarte adequado de produtos eletrônicos. Isso significa que as lojas e revendedores são obrigadas a receber de volta os equipamentos usados.
Ao comprar um celular novo, por exemplo, você pode devolver o aparelho antigo na própria loja. O mesmo vale para outros eletroeletrônicos. Essa prática, conhecida como logística reversa, garante que os REEE retornem aos fabricantes para tratamento correto.
Cooperativas de Reciclagem
Entrar em contato com cooperativas de catadores é outra alternativa viável. Muitas dessas organizações oferecem serviço de coleta em residências, facilitando o processo para o consumidor. Essas cooperativas desempenham papel fundamental na cadeia de reciclagem, separando materiais e encaminhando para processamento industrial.
Doação e Reaproveitamento
Equipamentos em bom estado de funcionamento podem ter vida útil estendida através da doação. Instituições sociais que trabalham com inclusão digital aceitam computadores, notebooks e periféricos funcionais. Essa prática reduz a geração de resíduos eletrônicos e promove acesso à tecnologia para comunidades menos favorecidas.
O que acontece após o descarte correto
Quando os REEE são entregues em pontos adequados, passam por processos especializados de tratamento. Centros de Recondicionamento de Computadores presentes em diversas capitais brasileiras recebem os equipamentos, onde pessoas de baixa renda participam de cursos práticos de informática e manutenção.
O gerenciamento profissional de resíduos eletrônicos envolve etapas como pesagem, classificação, possível recondicionamento para reuso e, quando necessário, desmontagem para recuperação de materiais valiosos. Plásticos, vidros e metais presentes nos equipamentos podem ser reaproveitados, reduzindo a necessidade de extração de novos recursos naturais.
O Programa Computadores para Inclusão, sob gestão do Ministério das Comunicações, já tratou nove mil e duzentas toneladas de REEE desde 2015, demonstrando que soluções estruturadas produzem resultados expressivos.
Responsabilidade compartilhada
O descarte inadequado de REEE constitui crime ambiental conforme previsto na legislação brasileira. As penalidades incluem multas que variam de acordo com a gravidade da infração. Mas além da questão legal, existe uma dimensão de responsabilidade coletiva.
Fabricantes têm o dever de desenvolver tecnologias mais sustentáveis e implementar sistemas eficientes de logística reversa. Consumidores precisam se informar sobre as opções de descarte e adotar práticas conscientes. Governos devem fiscalizar, ampliar a infraestrutura de coleta e promover educação ambiental.
A gestão adequada dos resíduos eletrônicos representa desafio urgente para a sociedade contemporânea. Em 2025, o setor precisa coletar de volta 17% dos produtos eletrônicos lançados no mercado, segundo o Plano Nacional de Resíduos Sólidos. Atingir essa meta exige engajamento de todos os elos da cadeia.
O futuro dos REEE no Brasil
A conscientização sobre o tema cresce gradualmente. Tecnologias como inteligência artificial começam a auxiliar no processo, identificando componentes dos equipamentos e calculando o impacto ambiental evitado com o descarte correto. Projetos inovadores mostram que é possível combinar educação ambiental com praticidade.
Cada aparelho eletrônico descartado adequadamente representa toneladas de recursos naturais poupadas, redução de gases de efeito estufa e proteção de ecossistemas. Os resíduos eletrônicos deixam de ser apenas lixo quando recebem tratamento apropriado, transformando-se em matéria-prima para novos produtos.
A mudança começa com pequenas ações individuais. Na próxima vez que um equipamento eletrônico perder sua utilidade, lembre-se: aquele celular antigo guardado na gaveta, aquela impressora quebrada no depósito ou aquele ventilador que não funciona mais não devem ir para o lixo comum. Procure um ponto de coleta, entre em contato com cooperativas ou devolva ao revendedor. Essa escolha simples protege o meio ambiente e contribui para um futuro mais sustentável.
A destinação correta dos REEE não é apenas obrigação legal, mas compromisso com as próximas gerações. Afinal, gerenciar adequadamente os resíduos eletrônicos de hoje significa garantir um planeta habitável para o amanhã.



